PROJETO SURUCUCU EM BUSCA DO MAIOR VIPERÍDEO DO MUNDO: A SURUCUCU-PICO-DE-JACA

Texto: Carolayne Santino 

Revisão: Vinícius Mendes

Coordenador do Projeto Surucucu: Antônio Soares-Júnior

Imagem 1 - A surucucu-pico-de-jaca (Lachesis  rhombeata) Foto: Renato Gaiga. 

Olá, herpetos! A matéria deste mês é sobre um de nossos projetos, especificamente, o Projeto Surucucu! Em 2021, o Herpeto Capixaba lançou oficialmente o projeto com o intuito de reencontrar e, posteriormente, conservar esta espécie no Espírito Santo. 

Ela foi vista pela última vez no município de Linhares, no Espírito Santo, em 2007 e, desde então, não foi mais avistada. A surucucu-pico-de-jaca habita áreas de florestas bem preservadas, porém, devido a alta taxa de destruição de seu habitat, a espécie corre sério risco de extinção no estado. 

Dessa forma, o projeto Surucucu nasceu justamente para concentrar os esforços em busca de espécimes, visto que há ainda a possibilidade de a espécie não estar extinta no estado. 

Imagem 2 - Logo criado por Leonardo Merçon, do Herpeto Capixaba, para o Projeto Surucucu.

Um pouco sobre a surucucu-pico-de-jaca 

A surucucu-pico-de-jaca é o maior viperídeo do mundo. Um espécime adulto pode chegar a quase 3,5 metros! É uma espécie ovípara (bota ovos) e é uma das únicas serpentes que demonstram cuidado parental, ou seja, após botar os ovos em tocas, ela se enrola neles e assim fica por um tempo, ela é também, dentre os viperídeos, a única espécie ovípara do Brasil. Como foi dito anteriormente, ela habita áreas preservadas, com preferência para matas úmidas e fechadas.

Possui grande importância médica visto que a extração do seu veneno é realizada para a produção de soro antiofídico, especificamente do soro antilaquético (o termo antilaquético vem do nome do gênero Lachesis). Uma curiosidade a respeito do nome comum da espécie é que ele lhe foi dado pois suas escamas assemelham-se à casca da fruta jaca. 

Abaixo, segue o link de uma matéria do HC também sobre a surucucu-pico-de-jaca que explica a etimologia do nome científico da espécie. Vale a pena dar uma conferida! https://www.herpetocapixaba.com.br/post/origem-d o-nome-do-g%C3%AAnero-lachesis-a-surucu-pico-de-jaca.

Imagem 3 - Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis rhombeata) tirada na Mata Atlântica. Foto: Renato Gaiga.

Nova atualização do nome da espécie!

De acordo com um artigo publicado em julho de 2024 na revista Systematics And Biodiversity, Lachesis muta possuía duas subespécies, a L. m. muta e L. m. rhombeata. Por meio de análises genéticas, morfológicas e ecológicas, os pesquisadores concluíram que realmente se trata de um processo de especiação, ou seja, uma espécie tornou-se duas, elevando as subespécies a espécies plenas (Hamdan et al. 2024). Desta forma, a que conhecíamos antes somente por Lachesis muta tem sua distribuição na Amazônia, enquanto que Lachesis rhombeata está distribuída na Mata Atlântica. L. rhombeata possui uma diversidade genética reduzida se comparada com L. muta, o que torna o Projeto Surucucu ainda mais relevante na busca desse viperídeo, visto que a própria L. rhombeata é a que buscamos reencontrar e, assim, continuar com o projeto de conservação da espécie. 

Referências:

HAMDAN, Sandro L. Breno et al. When a name changes everything:: taxonomy and conservation of the atlantic bushmaster (lachesis daudin, 1803) (serpentes: viperidae: crotalinae). Systematics And Biodiversity, [s. l], v. 22, n. 1, p. 1-28, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1080/14772000.2024.2366215. Acesso em: 21 out. 2024.

HERPETO CAPIXABA (Espírito Santo). Projeto Surucucu. Herpeto Capixaba. Espírito Santo, 2021. Instagram: @projetosurucucu. Disponível em: https://www.instagram.com/projetosurucucu?igsh=MTR6NmJzdGl0NDBm. Acesso em: 21 out. 2024. 

UETZ, Peter et al. Lachesis muta (LINNAEUS, 1766). THE REPTILE DATABASE. Disponível em: https://reptile-database.reptarium.cz/species?genus=Lachesis&species=muta. Acesso em: 21 out. 2024.