É isso mesmo!! Ser chamado (a) de Víbora é um excelente elogio. Pois elas mais
salvam vidas do que tiram, e além disso, controlam a população de ratos.
Texto: João Pedro Kloss Degen
Bothrops jararaca. Fotografia: João Pedro Kloss Degen.
Família Viperidae no Espírito Santo
As serpentes da família Viperidae, são as serpentes que possuem a maior taxa de acidentes ofídicos (picadas de cobra) no Brasil. O Espírito Santo possui seis espécies de serpentes desta família: Bothrops jararaca, conhecida como jararaca, preguiçosa, jarara-da-mata; Bothrops bilineatus bilineatus, conhecida como jararaca-verde, é considerada umas das serpentes mais raras da Mata Atlântica; Bothrops leucurus, conhecida como jararaca-cinza, jararaca, preguiçosa; Bothrops sazimai, espécie descrita (“descoberta”) recentemente em 2016, endêmica do Espírito Santo (só ocorre no ES), espécie insular (ocorre em uma ilha, a Ilha dos Franceses, município de Itapemirim), conhecida também como jararaca; Bothrops jararacussu, conhecida como jararacuçu, surucucu-oito, jararaca-oito, surucucu-dourada; Lachesis muta rhombeata, conhecida como surucucu-pico-de-jaca e surucucu, assim como a Bothrops bilineatus bilineatus (jararaca-verde), é considerada umas das serpentes mais raras da Mata Atlântica.
Importâncias das serpentes Viperidae
Por elas possuírem uma substância tóxica (“veneno”), que é ativa no ser humano (ou seja, que podem causar sérios danos ao corpo), são consideradas serpentes de importância médica, importância esta, que está ligada a importância no desenvolvimento de produtos benéficos aos seres humanos. Como exemplo de medicamentos desenvolvidos através do uso de substâncias da toxina dessas serpentes, temos o Captopril, medicamento utilizado por pessoas que possuem
problema de pressão alta, é desenvolvido a partir da toxina das serpentes do gênero Bothrops, conhecidas popularmente como jararaca e preguiçosa.
Além da importância delas para o desenvolvimento de pesquisas ligadas a saúde, elas também são importantes controladoras de populações, tanto de mamíferos (como ratos, gambás e morcegos), répteis (lagartos e até mesmo outras serpentes), aves, quanto de anfíbios (sapos, pererecas, rãs e cecílias). O controle dessas populações possui uma grande importância ecológica (por evitar com que estes grupos se reproduzam de forma excessiva, o que pode acarretar no desequilíbrio do ambiente) e de saúde pública, por controlar as populações de animais passíveis de serem vetores de zoonoses (como ratos, morcegos, pombos).
Bothrops jararaca. Fotografia: João Pedro Kloss Degen.
As serpentes não atacam, elas se defendem
Algumas serpentes podem parecer um pouco assustadoras por seu tamanho, cor ou fama, outras podem parecer um pouco tímidas, ou até mesmo mais estressadas. Mas o importante é entender que nenhuma delas planeja um ataque, nenhuma delas pensa “nossa, hoje eu vou pegar um humano”, elas apenas estão em seus ambientes, seus hábitats, procurando um lugar para ser abrigar, tomando um solzinho (por serem animais ectodérmicos, ou seja, animais que necessitam de uma fonte externa para se aquecer), ou procurando uma refeição.
Eventualmente podem ocorrer encontros entre nós e elas, encontros estes que podem ser ocasionados por estarmos diminuindo cada vez mais as áreas de vivência delas (desmatando cada vez mais as florestas), ou por estarmos em um momento de lazer (caminhando em áreas de florestas) dentro de seus ambientes. Nestes momentos podemos acabar deixando-as assustadas, fazendo com que elas se sintam em perigo, então ela fará de tudo para sair dessa situação “numa boa”. Primeiro ela fingirá que está invisível ficando paradinha, segundo ela tentará fugir... depois de muitas tentativas de fuga, ela tentará a última saída, ela vira guerreira, investe no bote.
Porque o bote é a última saída?? Por causa do gasto energético e o estresse que elas passam.
Para serpentes peçonhentas (“venenosas”), dar um bote que vá gerar a inoculação de peçonha
(“veneno”) requer um gasto energético muito alto tanto pela força de impulsão para a picada, quanto na produção de mais peçonha após a picada e no estresse gerado no encontro. Para serpentes não peçonhentas, o gasto energético é muito alto também pela força de impulsão e pelo estresse gerado na situação.
Bothrops jararaca. Fotografia: João Pedro Kloss Degen.
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