Texto: Katarine N. Norbertino
A Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818), popularmente conhecida como “biba”, “briba”, “lagartixa-de-parede” ou “taruíra”, é um lagarto (Figura 1) da família Gekkonidae. Apesar de não ser originária do Brasil, é facilmente encontrada em ambientes urbanos, sendo considerada uma espécie sinantrópica, que vive em “harmonia” com o ser humano. Pode ser encontrada especialmente dentro de casas pois se alimenta de pequenos insetos e aracnídeos. E como estão presentes no cotidiano da população, a espécie é marcada por um mito: o de transmitir a doença do cobreiro.
A doença do “cobreiro” é um dos nomes aplicados popularmente à infecção herpes zoster, ocasionada pelo vírus da catapora. Em casos em que a doença se expressa, seus sintomas são inflamações na pele, representadas por bolhas d'água que podem surgir em qualquer parte do corpo, todavia, mesmo quando sem sintomas o vírus pode estar inativo no organismo.
Assim, há em diversas localidades do Brasil a crendice de que ao se tocar em um H. mabouia, será contraída a doença herpes zoster e, dessa forma, esses animais ficam propícios a serem mortos em virtude da alcunha pejorativa. Mas nem só esses répteis são associados a essa crendice! Há a crendice de que também os anfíbios anuros e mesmo as serpentes podem ocasionar tal enfermidade.
Imagem 1. “Lagartixa-de-parede” (Hemidactylus mabouia) (a) repousada em superfície de madeira e (b) camuflada em solo. Fonte: Thiago Silva-Soares
Diante disso, as concepções pejorativas podem ter impacto negativo na biodiversidade tanto por afastarem do imaginário social o sentimento de admiração/respeito pelos animais quanto por serem usadas como justificativa para o extermínio da fauna. Estes animais não transmitem doenças e são ótimos controladores de pragas, se alimentando de baratas e escorpiões.
REFERÊNCIAS
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