Texto: Giulia da Silva Marchiori
Quantas vezes você já ouviu dizer que o número de anéis, popularmente chamado de chocalho da cascavel, é equivalente à idade em anos do indivíduo?
Imagem 1: Destaque para o guizo de uma Crotalus durissus. Localidade: Mariana, MG. Autor: Erlan Pirovani.
As serpentes cascavel sul-americanas pertencem ao gênero Crotalus, representado na imagem acima, são serpentes peçonhentas de hábito noturno e que possuem como sua maior característica o seu guizo, popularmente chamado de chocalho, que localiza-se na sua extremidade caudal.
Esse guizo é gerado através da queratina que permanece na parte terminal da cauda após cada fase de ecdise, que é o processo de troca de pele, se acumulando em segmentos que se encaixam um ao outro no final da cauda da serpente. Quando nascem, os filhotes não têm segmento rígido e a primeira camada aparece apenas 2 semanas depois do seu nascimento e com seu crescimento são produzidos novos segmentos que vão se acumulando, e então podem passar a utilizá-los para fazer seu famoso barulho de chocalho. A serpente ergue sua cauda e vibra seus músculos vigorosamente, fazendo com que esses segmentos colidem uns com os outros e assim produzam o som de vibração, e como a estrutura é oca, o som é distinto e amplificado.
A grande questão é que existe uma crendice sobre esse aparato, que diz que o número de anéis do guizo de cada serpente representa a sua idade em anos. Mas a verdade é que essa quantidade de camadas apenas representam a quantidade de vezes em que ocorreu ecdise, e já que esse animal pode passar por esse processo mais de uma vez no ano, não seria possível identificar sua idade através dessa característica do guizo, além do fato que essas serpentes podem perder parte dessa estrutura morfológica.
Por fim, esses animais utilizam esse guizo como um sinal de alerta, para que seus predadores se afastem, mostrando sua presença e que estão atentas à movimentação. É um sistema de prevenção de predadores extremamente eficaz!
Referências:
BOECHAT. A; SANTOS. M; MARTINS. M; NETO.R; OLIVEIRA.M. Serpentes de interesse médico da Amazônia Biologia, Venenos e Tratamento de Acidentes. Manaus: 1995.
MONACO, L.M.; MEIRELES, F.C.;ABDULLATIF, M.T. Animais venenosos: serpentes, anfíbios, aranhas, escorpiões, insetos e lacraias. Instituto Butantan.2017.
Museu biológico Butantan. Bicho do mês: Cascavel. Disponível em: https://butantan.gov.br/assets/arquivos/Atracoes/museu_biologico/materiais_educativos/livretos_de_atividades/Livreto%20de%20atividades.%20cascavel.pdf . Acesso em: 29 Jul. 2022.
TOLEDO.S. Cobras venenosas. Revista de agricultura. Disponível em: http://www.revistadeagricultura.org.br/index.php/revistadeagricultura/article/viewFile/3512/3288 . Acesso em: 30 Jul.2022.
San Diego Zoo Wildlife Alliance. Cascavel. Disponível em: https://animals.sandiegozoo.org/animals/rattlesnake . Acesso em: 01 Ago. 2022.
Comments