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NEM SÓ DE MOSCAS VIVEM OS SAPOS: O CARDÁPIO DOS ANFÍBIOS

Texto: Carolayne Santino da Silva


Imagem 1 - Scinax fuscovarius. Sua dieta consiste em insetos e outros pequenos artrópodes como besouros. Foto: Carolayne Santino da Silva, 2019.


Tenho certeza de que pelo menos alguma vez você já viu, principalmente em animações, o clássico momento em que o sapinho estica sua língua para pegar uma mosca. Bem, não que ele não coma moscas, mas você achava que esses animais só se alimentam de mosquinhas? Nesta matéria, você vai conhecer um pouco da variedade na dieta dos anfíbios anuros e entender o porquê essa variedade em sua alimentação é tão importante para o equilíbrio dos ecossistemas.


Um pouco do “cardápio”:

Baratas, besouros, cupins, formigas, aranhas, pulgões e escorpiões.


Ótimos controladores de pragas

O fato da dieta dos anfíbios anuros ser bem variada é muito importante para os ecossistemas e claro, para nós humanos, isso porque eles se alimentam de pragas que assolam culturas agrícolas, o que gera um alto prejuízo aos agricultores e consequentemente a todas pessoas que utilizam dessas culturas como meio de subsistência. Alguns exemplos de pragas são: mosca branca, ácaro-da-necrose-do-coqueiro, pulgão - verde, entre outros. Dessa forma, quando se tem biocontroladores como os anuros, é muito mais fácil manter as culturas livres das pragas.


Imagem 2 - Espécime de Rhinella diptycha. Um exemplo de biocontrolador natural que se alimenta desde pequenos insetos até escorpiões. Foto: Marcelo O. Arasaki, 2022.


Canibalismo

Sim, existem alguns anuros que também podem se alimentar de outros anuros. Claro, tudo depende de diversos fatores, como por exemplo, o tamanho do anuro predador e a disponibilidade de alimento no momento. Um exemplo de canibalismo foi registrado para a espécie Boana faber, onde os pesquisadores, Fábio Maffei, Bruno Tayar Marinho do Nascimento e Paulo Sérgio Bernarde registraram um espécime macho comendo um imago (espécime jovem) da mesma espécie.


Imagem 3 - Espécime macho de Boana faber comendo um imago. As sequências A, B e C mostram: o ato da predação do imago, a remoção do imago da boca do adulto e a presa, respectivamente. Foto: Maffei et al, 2014.


Além dessa variedade no cardápio, outras espécies de anuros podem comer desde pequenos roedores e até mesmo pequenos pássaros! Mas este tema fica para a próxima matéria. Gostaram?



Referências


CERQUEIRA, Elis Bittencourt Bastos. Análise da dieta de duas espécies sintópicas de anfíbios anuros da serapilheira de uma cabruca em Ponta da Tulha, Ilhéus, BA. 2013. 62 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zoologia, Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia, 2013.


MAFFEI, Fábio; NASCIMENTO, Bruno Tayar Marinho do; BERNARDE, Paulo Sérgio. Cannibalism in the Smith Frog , Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) , in Southern Brazil. Reptiles & Amphibians Conservation And Natural History, [s. l], v. 21, n. 4, p. 133-135, dez. 2014.


OLIVEIRA, Iaponira Sales de. Conhecimento ecológico local sobre espécies de anfíbios anuros e biocontrole de insetos pragas em sistemas agrícolas de região semiárida brasileira: subsídios à etnoconservação. 2016. 109 f. Tese (Doutorado) - Curso de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, 2016.


PINTO, Tatiana Geraldino. Dieta de Rhinella icterica (SPIX, 1824) (ANURA, BUFONIDAE) na área de abrangência da usina hidrelétrica Barra Grande, Campo Belo do Sul - SC, Brasil. 2009. 65 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biologia e Comportamento Animal, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.




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