Texto: Thais Santos Nascimento
Revisão: Nathana Bressan
Conhecidas popularmente no Brasil como cobra-chumbinho, cobra-cega e cobra-da-terra, as serpentes pertencentes à família Leptotyphlopidae possuem uma característica notável: o seu pequeno tamanho.
Figura 1: Epictia borapeliotes, espécie encontrada no nordeste brasileiro ao lado de uma moeda de 50 centavos, destacando o seu minúsculo tamanho. Fonte: Ricardo Marques, Flickr, 2016.
Distribuídas na África, América e Ásia Ocidental, a família Leptotyphlopidae é marcada por pequenas serpentes fossoriais, que podem medir até cerca de 30 cm de comprimento, sendo consideradas as menores serpentes do mundo (Adalsteinsson et al., 2009; Uetz, Hallermann, Hosek, 2024). No Brasil, as serpentes da família Leptotyphlopidae são bastante diversificadas e podem ser encontradas em diferentes biomas, desde florestas tropicais até áreas de Cerrado e Caatinga (Araújo et al., 2020). Dentre as espécies brasileiras, destaca-se a colorida Habrophallos collaris (Figura 2), encontrada no estado do Amapá e que pode alcançar até 12 cm de comprimento quando adulta, e a Epictia borapeliotes (Figura 1) que é encontrada em praticamente todos os estados do Nordeste, podendo alcançar até 15 cm de comprimento (Uetz, Hallermann, Hosek, 2024).
Figura 2: Habrophallos collaris, serpente encontrada no estado do Amapá e que mede cerca de 12 centímetros de comprimento quando adulta. Fonte: Arnaud Aury, BioDiversity4All, 2021.
Geralmente encontradas em solos úmidos, sob troncos e pedras, os leptotyphlopideos são seres fossoriais, que se alimentam principalmente de pequenos artrópodes, como larvas de formigas e cupins (Adalsteinsson et al., 2009). Devido ao hábito fossorial, são muitas vezes confundidos com minhocas. Entretanto, possuem algumas características que tornam possível a sua identificação, como o corpo delgado, escamas brilhantes e lisas, escamas do ventre indiferenciados (Figura 3) e sua movimentação do tipo serpentino, que é bem diferente de um anelídeo.
Figura 3: Trilepida koppesi, pela foto é possível observar como as escamas são brilhantes e lisinhas. Fofinho não é? Fonte: Luis F. C. de Lima, BioDiversity4All, 2022.
Os leptotyphlopideos não possuem presas adaptadas para a inoculação de veneno, sendo espécies áglifas. Isso significa que, caso tenha a sorte de encontrar uma, pode ficar tranquilo: elas são completamente inofensivas (Adalsteinsson et al., 2009; Uetz, Hallermann, Hosek, 2024).
Mas por que sorte? Bom, devido ao seu hábito quase exclusivo de ficar enterrada sob a terra, encontrar esses animais são um desafio e tanto. Por conta disso, há pouquíssimas informações referentes a ecologia e comportamento desses animais, sendo necessários muito mais dados para compreender como essas espécies se fazem presentes no ambiente.
Referências
ADALSTEINSSON, S.A.; BRANCH, W.R.; TRAPE, S.; VITT, L.J.; HEDGES, S.B. Molecular phylogeny, classification, and biogeography of snakes of the Family Leptotyphlopidae (Reptilia, Squamata). Zootaxa, v. 2244, n. 1, p. 1-50, 2009.
ARAÚJO, S.C.M.; RODRIGUES, F.E.G.; NUNES, R.C.; ANDRADE, E.B. First record and geographic distribution of Epictia borapeliotes (Vanzolini, 1996) (Squamata: Leptotyphlopidae) in the state of Piaui, northeastern Brazil. Cuadernos de Herpetología, v. 34, n. 2, 2020.
UETZ, P., HELLERMANN, J.; HOŠEK, J. The Reptile Database. Zoological Museum Hamburg, 2024. Disponível em: https://reptile-database.reptarium.cz/. Acesso em: 12 fev. 2023.
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