Texto: Izadora Silveira Fernandes
A inspiração
Na década de 80, a busca por DNA dentro de insetos preservados em âmbar estava em alta e permeava a literatura científica da época. Tais achados serviram de inspiração para o livro Jurassic Park de Michael Crichton, publicado em 1990, que posteriormente inspirou a franquia de filmes homônima. O primeiro filme foi lançado em 1993 e continha a cena icônica do videoclipe do passeio pelo futuro parque, com um trecho mostrando a extração do DNA de dinossauro de um inseto no âmbar e a música tema ao fundo. Os filmes de Jurassic Park alcançaram o estado da arte e, por isso, suas cenas compõem a ideia perpetuada até hoje acerca dos dinossauros no imaginário popular.
Descobertas da época
Além dos diversos trabalhos que vinham sendo publicados sobre DNA preservado em âmbar, um dia após o lançamento do filme foi publicado um estudo empolgante na revista Nature. Nele, cientistas descreveram o sequenciamento do DNA de um mosquito preservado no âmbar, de aproximadamente 130 milhões de anos atrás. No entanto, ainda que este tipo de descoberta faça parecer que os eventos do filme são possíveis, para a clonagem de um dinossauro precisaríamos do seu DNA completo, o que até hoje não temos. Ou seja, seria ainda mais inimaginável para a época.
Controvérsias do filme
Há aproximadamente 145 milhões de anos se iniciava o período Cretáceo, o período em que os dinossauros dominaram o planeta. E é aí que entra a primeira controvérsia dos filmes: a maioria dos dinossauros mostrados eram do período Cretáceo, e não do Jurássico. Mas talvez “Cretaceous Park” não soasse tão bem. Dentre os dinossauros pertencentes ao Cretáceo encontram-se: o tiranossauro (Tyrannosaurus Rex) – a grande estrela do filme – o Velociraptor e o Triceratops. Quanto aos dinossauros que são “como uma vaca gigante”, de fato eles eram herbívoros e tinham como principal fonte de alimento frutas, folhas e galhos. Porém, eles não eram a única espécie com este hábito alimentar.
Com relação ao T- Rex, os estudos atuais mostram que ele tinha uma ótima visão, olfato e audição, o que infelizmente não teria deixado nenhum dos mocinhos vivos. Já os Velociraptors eram bem diferentes dos que nos foram apresentados no filme, pois os reais tinham o tamanho aproximado de um poodle e os mostrados no filme na verdade são Deinonychus. Por fim, na época em que o primeiro filme foi lançado acreditava-se que os dinossauros eram como grandes lagartos. Porém, hoje sabemos que os dinossauros possuíam penas. Pois é! Ao olhar para uma galinha a gente nem imagina que elas tenham alguma coisa a ver com os antigos dinossauros.
Mas então por que os dinossauros do filme não têm penas? Porque eles foram criados com base no conhecimento que existia na época. Até então, nada indicava que os dinossauros tinham penas ou qualquer outra estrutura exterior. A partir do segundo filme os cientistas já tinham encontrado estes indícios. Entretanto, os roteiristas dos outros filmes da franquia decidiram simplesmente ignorá-los.
Figura 1: A: Representação de dinossauro presente no Museu Americano de História Natural; Autoria: American Museum of Natural History; B: Inseto preso em âmbar; Autoria: Revista Galileu.
REFERÊNCIAS
American Museum of Natural History. Disponível em: <https://www.amnh.org> Acesso em: 15 de junho de 2020.
Carvalho, Ismar de Souza. Paleontologia: conceitos e métodos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência. v. 1, 2010.
Jurassic Park; Direção: Steven Spielberg, Colin Trevorrow, Joe Johnston. Produção: Universal Studios, Amblin Entertainment, Legendary Pictures, The Kennedy/Marshall Company. Estados Unidos: Universal Studios, 1993. 1 DVD (126 min)
Raya, Juliana. A ciência por trás de Jurassic World. 2015. Disponível em: <https://cinemacao.com/2015/07/23/a-ciencia-por-tras-de-jurassic-world> Acesso em: 15 de junho de 2020.
Revista Galileu. Abelha, pólen e parasitas são encontrados em âmbar de 100 milhões de anos. 2020. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/02/abelha-polen-e-parasitas-sao-encontrados-em-ambar-de-100-milhoes-de-anos.html> Acesso em 15 de junho de 2020.
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