Em terras capixabas há a ocorrência da Perereca-de-Capacete (Aparasphenodon brunoi): Um anfíbio PEÇONHENTO da família Hylidae!
Texto: Juliana Alves

Mas como assim? Vocês querem dizer venenoso e não peçonhento, né?! Nãooo! É uma espécie peçonhenta mesmo!
Mas, qual é a diferença entre um animal venenoso e um peçonhento?
Animais venenosos produzem substâncias tóxicas naturalmente, sejam geradas pelo próprio organismo ou adquiridas através de dietas específicas, como podemos observar na família Dendrobatidae. Seus exemplares ocorrem em território amazônico e a toxicidade se origina da dieta formada principalmente por formigas que, por sua vez, se alimentam de fungos tóxicos. Esse veneno indireto se acumula em glândulas ao longo dos corpos desses anfíbios, os deixando muito bem colocados no ranking de herpetofauna mais venenosa.
Já a denominação de animais peçonhentos se dá quando há a presença de um aparelho inoculador na anatomia, como por exemplo, a dentição solenóglifa de algumas serpentes, onde os dentes são caniculados funcionando como uma seringa de veneno. Contudo, na natureza podemos encontrar outros exemplos de aparelhos inoculadores, como na espécie de anfíbio supracitada e que é mais comumente associada às baixadas litorâneas, como restingas.
Pode ser encontrada empoleirada nos galhos de arbustos ou em interior de bromélias e ocos de árvores. Nestes casos, a cabeça calcificada assume o papel de proteção, como uma tampa ou um capacete, isolando-a no interior de seu abrigo.
Quando ameaçada, seu comportamento defensivo se caracteriza por empurrar a cabeça na tentativa de forçar seus pequenos canais inoculadores contra seu potencial agressor. O veneno também pode ser inoculado de forma passiva durante a pressão que a mordida de um predador é capaz de causar sobre o crânio, por exemplo.

Quanto à potência e riscos, um simples grama de seu veneno é capaz de matar 80 seres humanos adultos, o que o torna mais potente que o veneno da Jacaraca (Bothrops jararaca)! Entretanto, durante a inoculação ativa, a Perereca-de-Capacete não é capaz de injetar mais do que singelas miligramas de veneno, classificando como raros os casos de acidente.
Herpeto Capixaba - Pelo conhecimento e conservação dos Anfíbios e Répteis do Espírito Santo.
Referências
Jared, C., Mailho-Fontana, P., Antoniazzi, M., Mendes, V., Barbaro, K., Rodrigues, T. M., Brodie, Jr. E. (2015). Venomous Frogs Use Heads as Weapons, Current Biology.
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